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Meedan está conduzindo este projeto que visa mobilizar a comunidade de ativistas latino-americanos em torno dos riscos relacionados às plataformas corporativas de mídia social se tornarem responsáveis por preservar a história e memória dos movimentos ativistas, enquanto ainda existe uma total falta de transparência em relação a suas políticas de moderação de conteúdo e interesses privados.

O objetivo de todo arquivo deve ser compartilhar a memória de movimentos, criar pertencimento e laços com as comunidades e de salvar a história coletiva. Mas, como garantir que haja uma história para contar e estudar no futuro quando estes registros estão em plataformas privadas? A idéia aqui é garantir que as memórias da resistência sejam preservadas.

Apagamento das resistências latino-americanas agora no contexto digital

A história da América Latina é marcada por apagamentos de resistências. Primeiro com os genocídios de indígenas que ocorreram por todo o continente e que dizimaram ao longo dos séculos as civilizações que tentaram resistir aos invasores europeus e posteriormente através de ditaduras militares, governos corruptos e políticas eugênicas racistas.

Este processo se estende aos dias atuais, em 2019 a América Latina foi considerada a região mais perigosa do mundo para ativistas de direitos humanos, de acordo com a Anistia Internacional, com 210 pessoas mortas. Essa contagem inclui defensores LGBTQI +, dos direitos das mulheres e anticorrupção. É a região que mais matou jornalistas neste último ano, vinte e dois membros da imprensa foram assassinados. O ano de 2020 marca um período em que a região se tornou o epicentro da pandemia do COVID-19, com agravamento da instabilidade econômica e de governos conservadores que flertam com o militarismo na região.

A pandemia fez com que esse ativismo que tomou as ruas com a Primavera Feminista se voltasse para as redes sociais e as tecnologias, como é o caso das lideranças indígenas que se organizam em grupos de WhatsApp e se utilizam dos canais de mídias sociais para fazerem eventos ao vivo de dentro de suas casas. Se faz essencial dado esse cenário compreender que as plataformas de mídias sociais passam a ter um papel central de disseminadores desse conteúdo e como uma ágora digital. Entretanto, são empresas corporativas e não governos eleitos e representativos de valores democráticos responsáveis por guardar e garantir queessas memórias e narrativas sejam preservadas e tenham espaço para serem comunicadas.

O conteúdo de ativismo em redes sociais permanece sob risco de exclusão, hackeamento ou censura isso já aconteceu antes, quando as novas políticas algorítmicas do YouTube, lançadas em 2017, levaram ao desaparecimento da noite para o dia da documentação de abusos de direitos humanos na Síria. De acordo com o relatório de 2019 da EFF (Eletronic Frontier Foundation),"Preso na rede: o impacto das regulamentações 'extremistas' de discurso sobre o conteúdo dos direitos humanos", em que o YouTube usou a sinalização automática com aprendizado de máquina para retirar milhares de canais sírios do YouTube que estavam publicando vídeos documentando violações dos direitos humanos.

Existe uma constante tensão entre as plataformas de mídia social com suas políticas nada transparentes de moderação de conteúdo e a presença de conteúdo de comunidades consideradas diversas. Vemos conteúdo principalmente relacionado à liberdade de expressão e diversidade sendo retirado desses espaços, como foi identificado pela pesquisa conduzida por Salty (um newsletter americano) com seus leitores sobre o viés de algoritmos o policiamento de conteúdo por plataformas de mídia social quando focado em raça, conteúdo queer e de gênero. Essa pesquisa é um dos exemplos que mostra como comunidades marginalizadas são desproporcionalmente afetadas pelas políticas de conteúdo do Instagram.

Este projeto está sendo iniciado baseado na ausência de dados para pesquisa em relação ao conteúdo de ativistas da América Latina que está sendo retirado das plataformas de redes sociais. Existem iniciativas de instituições e organizações civis na região que estão articulando conversas e recomendações sobre a falta de transparência quanto às políticas aplicadas e o uso de algoritmos de moderação de conteúdo.

Colaborando e dialogando com a comunidade

Tivemos a oportunidade de dialogar sobre este assunto e projeto com a comunidade do Internet Freedom Festival Glitter Meetup, e no evento internacional de direitos humanos RighstCon 2020 - Recordkeepers of the Resistance.

As fases do projeto

1 - Validação da hipótese

Pesquisa com comunidades ativistas através de questionário e coleta de dados para validação da hipótese: "Ativistas estão tendo seu conteúdo retirado das plataformas de redes socias na América Latina".

2 - Grupo de trabalho em rede

Criar um grupo de trabalho com representantes de organizações civis de direitos humanos para analisar os dados e organizar as informações;

3 - Atividades de criação de conteúdo com e para a comunidade de ativistas

Criar um processo de escuta com as comunidades, mapear as necessidades e reunir caso de estudos, colaborar em toolkits e workshops contextualizados para a preservação de conteúdo digital ativista;

4 - Consortium e código de ética

Criar um código de ética para arquivamento de conteúdo ativista em redes sociais e mediação com as plataformas de mídias sociais.

Quer colaborar conosco?Responda e compartilhe esta pesquisa com ativistas da América Latina

Objetivo deste estudo

O objetivo deste estudo é coletar e analisar informações sobre ativistas que utilizam as redes sociais na América Latina para realizar seu ativismo e compreender melhor suas práticas de preservação de sua história e memória. A pesquisa levará aproximadamente 8 minutos para ser concluída. Os resultados deste estudo irão melhorar nossa compreensão sobre ativistas e suas práticas para preservar a memória de seus movimentos de resistência na América Latina e como eles são afetados pelas políticas de moderação de conteúdo nas plataformas de mídia social.

Metodologia de estudo e pesquisa

Você receberá uma série de 15 perguntas e preencherá uma pesquisa online anônima. As perguntas são sobre suas experiências usando as mídias sociais e como elas afetaram seu ativismo e / ou a organização da memória em sua comunidade, seu movimento e prática ativista. Responda às perguntas da melhor maneira possível e fique à vontade para ignorar todas as perguntas para as quais não se sinta confortável em responder.

Perguntas sobre identidade de gênero, orientação sexual, raça e etnia

É necessário entender se as políticas implementadas pelas plataformas afetam de forma diferenciada as pessoas que expressam sua identidade e as práticas de resistência nesses canais. Todas as respostas são opcionais, mas é necessário enfatizar a importância desses marcadores na análise.

Privacidade e confiança

Entendemos que as informações que você vai compartilhar podem ser de natureza sensível e privada, por isso esta é uma pesquisa anônima, todos os dados são anônimos e serão analisados como tal. Se você tiver preocupações com a segurança ao preencher esta pesquisa, recomendamos que você abra o link da pesquisa em uma guia anônima em seu navegador, bem como o uso de um serviço VPN.

Riscos / Benefícios

Por favor, ignore as perguntas que desejar ou encerre a pesquisa a qualquer momento. É possível que, ao contribuir com esta pesquisa, você tenha a oportunidade de refletir sobre suas experiências com o uso de mídias sociais nos últimos meses e a necessidade de práticas independentes de preservação de conteúdo.

Comunidade

Os materiais e relatórios criados a partir desta pesquisa serão compartilhados com a comunidade. Se você conhece uma organização que está fazendo um trabalho semelhante, compartilhe e vamos nos conectar!

Tags
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Footnotes

References

Authors

Words by

Isabella Barroso leads Meedan’s journalism collaborations in Latin America and the Caribbean.  Isabella is a Brazilian journalist, experienced technologist, digital rights activist, and specialist in intersectional feminist communities. She has a special interest in counter archives and community memory.

Isabella Barroso
Words by
Organization

Published on

August 18, 2020
October 6, 2022